terça-feira, 19 de abril de 2016

O mendigo e eu



Todos os dias passo por um monte de mendigos que vagueiam pela cidade do Rio de Janeiro. Sempre me sinto profundamente triste quando os vejo, pois sequer consigo imaginar a dor que eles enfrentam diariamente por viverem à margem da sociedade. Mas nessa semana tive um olhar diferente, algo que me deixou profundamente perturbada e incomodada.

Passei de ônibus por um mendigo que estava sentado em uma calçada, conversando sozinho e que não tinha uma das pernas. O ônibus deu uma parada no ponto e fiquei observando-o por alguns instantes.

Tentei imaginá-lo quando nasceu... Um pequeno e lindo bebê, cuja mãe provavelmente desejou a ele que tivesse o melhor dessa vida. Que realizasse os sonhos, vivesse cada dia intensamente e talvez, pudesse fazer algo para tornar esse mundo um lugar melhor.

Mas a vida não foi assim pra ele. Não conheço a história, talvez tenha sido abandonado pela mãe, talvez viveu em orfanatos ou talvez, por culpa do destino, após tantos infortúnios, tenha ido parar nas ruas. 

Aquele bebê não existe mais. Aqueles sonhos de felicidade, talvez tenham ficado pra trás. Aquele colo gostoso e carinho e afago que todo bebê gosta de receber um dia se acabaram. Ele precisou crescer, mas a vida parece não ter sido muito generosa com ele. E também com tantos outros que vagueiam por aí. É... Aquele bebê, não existe mais.