sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Fazia tudo por eles…



Meu nome é Sharlene* e trabalho atualmente como gerente de uma loja de roupas na zona sul do Rio. Sempre enfrentei problemas na minha vida sentimental porque nunca aceitava ficar sozinha. Por conta disso, em um ano, já namorei oito caras diferentes, dois deles ao mesmo tempo e é claro, um não sabia do outro.

Quando estava solteira e sozinha, eu sempre me considerava uma pessoa infeliz. Acredito que isso tenha sido influência da minha mãe (falecida há sete anos). Após se separar do meu pai, quando eu tinha seis anos, ela estava sempre trocando de namorado. Nenhum deles nunca me abusou, mas com o tempo eu fui vendo que o relacionamento nunca durava e eu sofria por nunca mais vê-los.

Então para não sofrer mais, eu não me apegava a eles, mas sempre via de tempos em tempos minha mãe trocando de namorado. E foi assim até o dia que ela descobriu que estava com câncer de mama. Como já estava em estágio avançado, o tratamento não surtiu efeito e ela morreu seis meses depois.

Em um desses meus vários namoros, eu estava tão apaixonada pelo rapaz que fazia loucuras para tê-lo de volta. Nós vivíamos brigando e sempre terminávamos. Como eu não aceitava, ligava insistentemente para ele, ia até o trabalho para levar presentes, pedia aos amigos para falar com ele sobre mim, até que ele se cansava de tudo aquilo e me dava uma chance.

Vivi dessa maneira por mais de 10 anos, dos 16, quando comecei a namorar oficialmente, até três anos atrás, quando finalmente percebi que estava acabando comigo. Eu colocava minha felicidade nas mãos de outra pessoa que não me amava de verdade.

Mas eu não descobri isso sozinha, uma amiga minha me ajudou nesse processo. Ela sempre via o quanto eu ficava arrasada e sempre me falava sobre como eu era infeliz por conta disso. No início não dava bola, mas depois de tanto tempo ouvindo ela falar a mesma coisa, comecei a prestar atenção.

Eu mudava o meu jeito de ser e até mesmo fisicamente para agradar a pessoa que estava comigo. Já cortei o cabelo bem curtinho, pintei de loiro platinado, emagreci 10 kg, comprei roupas estilo piriguete, e tudo não por mim, mas porque os namorados diziam que gostavam disso. Sem pestanejar lá ia eu fazer todas as vontades. Com isso, eu me anulava, me entristecia e me tornava uma pessoa diferente da que eu era.

Mas essa amiga me ajudou, e muito. Não somente a reconhecer que eu precisava mudar, mas me aturava quando estava triste. No início, ela agiu como uma terapeuta para mim. Ela me desafiou a ficar dois meses sem namorar nem mesmo ficar com alguém. E eu, é claro, não resisti e fiquei com um colega de faculdade.
Mas ela não desistiu, estipulou uma nova meta de apenas um mês. Eu fiquei tão triste por tê-la decepcionado na primeira tarefa que fiz o meu máximo para cumprir o prazo. E consegui! Confesso que foi muito difícil, principalmente porque tinha chegado um colega novo no trabalho que era super gato.

Quando cumpri essa meta, ela disse que eu precisava estar conhecendo a pessoa por pelo menos três meses antes de começar a namorar e até mesmo beijar. Nossa, essa tarefa foi realmente complicada, mas consegui cumprir também.

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E é claro que esse namorado foi aquele colega novo do trabalho. Ficamos juntos por oito meses e nesse período, ela me ajudou a ficar vigilante para não me anular pela pessoa nem mudar nada em mim, a não ser que eu mesma quisesse e decidisse por aquilo.

Com o tempo, essas tarefinhas dela me ajudaram bastante e fui mudando de forma que ela nem falava mais nada. Quando percebi, já tinha se passado quatro meses desde que tinha terminado o namoro e não tinha ninguém em vista.

Hoje, eu aprendi que preciso me amar primeiro para que outra pessoa possa me amar. Também aprendi a não mudar meu jeito de ser para agradar a pessoa. Sou expansiva, comunicativa e falo com todo mundo. Quem quiser namorar comigo, vai precisar aceitar o meu jeito e não querer me mudar.


* Nome trocado a pedido da depoente.

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