quinta-feira, 18 de junho de 2015

“Uma maluca-psicótica tentou me agredir”




Sou uma pessoa bastante espiritualizada e que procuro sempre ver o bem das pessoas. Tenho poucos amigos, mas todos leais e verdadeiros. Gente que posso contar para o que der e vier, faça chuva, faça sol. Como eu moro em uma região litorânea do Espírito Santo, é muito comum receber amigos para passar finais de semana, feriadões e férias.
Numa dessas vezes, uma amiga perguntou se podia trazer um casal de amigos. Eu disse que tudo bem, até mesmo porque eles iriam passar pouco tempo em minha casa. Chegariam no sábado de manhã e iriam embora no domingo à tarde.
Fui buscá-los no aeroporto e percebi de imediato que a namorada do amigo da minha amiga (um pouco confuso, eu sei, rs) me olhava meio torto, como se não tivesse ido com a minha cara. Ele foi bem gentil e simpático, agradeceu a hospitalidade e lá fomos para minha casa. Minha amiga no carona ao meu lado e o casal simpático-estranha no banco de trás.
Chegando em casa, os acomodei no quarto de hóspedes e minha amiga dormiria comigo no meu quarto. Conversamos, fizemos um bom café da manhã e ela continuava com a cara de tacho. Na época, minha amiga disse não ter percebido nada porque ela tinha uma cara estranha mesmo, mas que parecia ser boa pessoa.
Como eles estavam ali a passeio, decidi levá-los para conhecer a praia aqui perto de casa e foi então que comecei a entender o que estava acontecendo. Enquanto eu esperava na sala minha amiga e o casal simpático-estranha se arrumarem, a amiga da cara torta veio falar comigo.
Ela falava baixinho, mas com um tom bastante ameaçador: “Se você der em cima do meu namorado vai ver só. Sei bem o que você está armando pra levar a gente pra praia. Ele é meu, entendeu? Ele é só meu!”. Dito isso, ela voltou para o quarto e eu fiquei na sala com cara de tacho sem saber por que ela tinha feito aquilo.
Eu mal os tinha conhecido, jamais os vi na minha vida e ela veio insinuar que eu estava dando em cima do namorado dela. “Garota maluca”, pensei. Só que de maluca, ela não tinha nada. Só fui saber disso depois.
Consegui disfarçar bem minha cara de estarrecida e fomos à praia. Não contei nada a minha amiga, porque ela estava tão eufórica por estarmos perto uma da outra de novo que não consegui falar nada para não estragar o momento.
Passamos o dia na praia e não teve mais nenhuma intercorrência esquisita. Apenas notei que ele ficava me olhando muito quando a namorada saía de perto, mas tentei fingir que não tinha percebido nada.
No fim do dia voltamos para casa e como estávamos todos cansados do dia praiano, resolvemos pedir uma pizza. Ele disse que pagaria, pois era o mínimo que poderia fazer. A pizza chegou e sentamos todos no chão mesmo da sala, conversando e rindo. A tal amiga com a cara torta continuava com um humor esquisito, mas nem dei bola.
Em certo momento, peguei uma fatia, enchi de ketchup e fui comer com a mão mesmo. Acabou que o ketchup escorregou e caiu na minha blusa, bem próxima do meu colo. Na hora ele começou a rir e a tentar me limpar com o dedo, encostando em mim. Eu não sabia o que fazer e sem graça olhei para minha amiga que também estava pasma. Foi aí que a tal amiga se revelou.
Ela se levantou, os olhos me fuzilando de raiva e a partir daí foram só gritos e xingamentos. “Sua v********, sua p******, eu sabia que você queria tomar meu homem! Eu te avisei sua bandida, eu vou te matar, sua desgraçada!”. Eram palavras de baixo calão que até a Dercy Gonçalves ficaria envergonhada.
Ela avançou pra cima de mim com uma faca, ameaçou me bater, chegou a arranhar meu rosto, enquanto o namorado tentou segurá-la. Eu e minha amiga nos afastamos enquanto ele a arrastava para o quarto. A briga continuou lá dentro entre eles dois e só lembro de ouvi-la dizer que eu estava dando em cima dele e que ele estava gostando disso.
Depois de mais de quarenta minutos de discussão, ele voltou à sala, visivelmente envergonhado pelo comportamento dela e disse que estavam indo embora. Perguntou se eu poderia pedir um táxi e respondi que sim. Eu não tinha condições alguma de levá-los ao aeroporto e minha amiga só iria embora mesmo no domingo.
Fiquei chorando de nervoso e minha amiga tentando me fazer rir lembrando das nossas histórias antigas de adolescência. Acabou que fomos dormir já era mais de três da manhã. No domingo fui até o aeroporto e não tocamos mais nesse assunto por uns três meses depois do ocorrido. Até que um dia, ela me explicou o porquê do comportamento estranho-agressivo-lunático-psicótico da garota.
Pouco tempo antes de eles virem para minha casa, ele viu uma foto minha no facebook falando sobre a importância da família, de como é bom ter amigos e ser uma pessoa sociável. Nessa foto eu estava super arrumada para um aniversário de 15 anos e ele me elogiou em frente à namorada. Primeiro disse que eu era muito bonita e depois ficou me exaltando perto dela. Foi então que fiquei sabendo que ela tem sérios problemas com os pais, não fala com eles há anos e inclusive brigou com o irmão que não quer ouvir falar dela.
Quando ela veio à minha casa, já veio preparada para brigar com alguém que sequer sabia do ocorrido. Minha amiga disse que eles terminaram o namoro naquele mesmo fim de semana e ela não teve mais notícias da mal amada. Só sei que depois desse dia, aprendi a receber em minha casa apenas quem eu realmente conheço de perto. Malucas-psicóticas, nunca mais!

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